DO OUTRO LADO DO ATLÂNTICO

Do vilarejo natal, os imigrantes se dirigiam, por trem, até o porto de Gênova. Esta primeira etapa da longa viagem que os aguardava não foi fácil para esses humildes camponeses. As longas esperas nas estações, a distância e a lentidão dos meios de comunicação da época, o transporte da bagagem, única riqueza da família, em sacos e velhos baús, a presença de crianças, mulheres grávidas, pessoas de idade, a saudade da terra natal e a ansiedade pelo futuro, faziam dessa viagem, uma doloroza peregrinação.

 

A travessia do Oceano, realizada em condições precárias, marcou profundamente os imigrantes italianos. São frequentes as queixas do mau tratamento, falta de espaço e perda de bagagens nos vapores transatlânticos. Depois de "trenta sei giorni di macchina a vapore", chegavam ao Rio de Janeiro. De lá as famílias seguiam para o Porto Alegre numa viagem que durava de dez a doze dias. De Porto Alegre , os imigrantes eram dirigidos às colônias. A primeira etapa desta viagem era feita por via fluvial em pequenos vapores com espaço insuficiente para transportar os imigrantes e suas bagagens até São Sebastião do Caí ou São João de Montenegro. De lá, na maioria dos casos, seguiam a pé, por três dias e três noites, numa viagem perigosa, lenta e difícil, sem abrigo e sem alimentação, sob o sol e a chuva, o frio e o calor. Uma marcha silenciosa feita por velhos e crianças, por mulheres grávidas e mães com filhos no colo, extenuados pela longa travessia do mar, alguns doentes, outros marcados pelo sofrimentos físicos e morais.