A partir de 1879 o governo suspendeu toda a ajuda em favor dos imigrantes. Esta mudança radical na política de colonização teve efeitos dramáticos na vida dos imigrantes italianos em seus primeiros anos no Rio Grande do Sul.


Na maioria dos casos, o imigrante recebeu um lote por família, sempre na mata virgem, e que deveria ser pago ao governo no prazo de 5 a 10 anos. A concessão de uma ajuda pecuniária para a construção da casa, de instrumentos agrícolas, sementes e outros favores prometidos e indispensáveis nos primeiros anos foram praticamente desconhecidos pelos imigrantes italianos.


Entregues a si mesmo, como náufragos numa ilha, os colonos italianos do Rio Grande do Sul duplicaram sua já extraordinária força de trabalho para enfrentarem uma situação nova e inesperada. Foram isolados de sua pátria de origem e praticamente abandonados pela nova pátria. A pobreza, o abandono e a necessidade de sobreviver desenvolveram uma solidariedade compreensível, mas que não substituia o trabalho individual e familiar duro e estafante.


No início, o imigrante italiano precisou de muita coragem. Sozinho, no meio da mata, teve que construir, com seus braços, uma cabana e providenciar, imediatamente, a primeira colheita. É neste ambiente que o machado trabalha, derruba árvores, as esquadra e prepara os barrotes e planchas rudimentares que servirão para construir o primeiro abrigo da família. Depois, queima as árvores derrubadas e planta nesta clareira. No fim de alguns anos, o colono aperfeiçou seus instrumentos de trabalho, refez sua casa, fez algumas economias e começa uma vida de bem-estar que lhe fará esquecer os sofrimentos dos primeiros tempos.